
Do alto da página, planava...
O nariz metido entre as duas faces de couro.
Cinco versos estatelados agonizavam no meio da página,
(in)significados.
Todos de uma audácia quase ofensiva
O olho do menino via o poema que via o menino
Mas o poema olhava torto, fazia charme
Na extremidade do papel, um amasso lhe lembrava uma concha
Pensou em mar e no cachorro morrido
Em camarão que se compra na praia
E em vários montes de areia,
Bons de enfiar os dedos até o fim
Castigo de hoje : 40 minutos de leitura,
nos domínios de Dona Ofélia.
Bibliotecária e pecadora,
Uma esfinge em tom pastel,
As unhas roídas em vermelho maduro batiam na mesa
O tique fazia estalinhos, bonitos de ouvir
Pensou em peixe na cheia, fazendo um barulho assim
Peixe era fácil de entender.
Poema não era.
Trinta minutos depois: anistia
Dona Ofélia em voz e gesto,
Um decreto.
E o menino de volta em sala.
Dona Ofélia era fácil de entender.
Poema é que não era...
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